segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Águeda tem uma TV on-line

http://agueda.tv/cmaguedaonline/index.ud121
aqui o link da TV Águeda produzido pela Câmara Municipal de Águeda com a equipa Multimédia/informática composto pelo Hugo Teixeira, Filipe Figueiredo e Eduardo Mendes.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Vídeos por aí...

Este vídeo é uma pequena coletânea dos time lapses que um usuário do site de vídeos Vimeo realizou.
Acho a natureza muito interessante e misteriosa.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Tiago Pereira + d'Orfeu - 11min esboço/pedaço do filme

in progress

quem quiser comentar é sempre bem-vindo!

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Curta de Paulo Brites e seus colegas UA



Curta-metragem feita para as disciplinas de Guionismo e Labmm2 do curso Novas Tecnologias da Comunicação da Universidade de Aveiro.

Onde fica a fronteira entre a rotina normal e a repetição crónica?
E se de repente, isolados no nosso quotidiano, o que nos transmite segurança e consideramos perfeitamente normal e até banal deixasse de existir?
Esta é a história de Tó C. prestes a descobrir que, sem motivo aparente, o seu dia a dia será alterado e todas as suas acções e atitudes deixam de fazer sentido. Talvez agora se enquadre melhor no socialmente correcto mas isso não o demove de querer voltar a ser quem sempre foi.

Nomeada para melhor elenco, melhor argumento, melhor sonoplastia & fx, melhor montagem e melhor filme.
Prémio para melhor elenco e melhor sonoplastica & fx.
Made in DeCA 09

Stanley Kubrick

ANO TÍTULO
ORIGINAL

TÍTULO
PORTUGAL
1999 EYES WIDE SHUT
DE OLHOS BEM FECHADOS
1987 FULL METAL JACKET
NASCIDO PARA MATAR
1980 THE SHINING
SHINING
1975 BARRY LYNDON
BARRY LYNDON
1971 A CLOCKWORK ORANGE
A LARANJA MECÂNICA
1968 2001: A SPACE ODYSSEY
2001: ODISSEIA NO ESPAÇO
1964 DR. STRANGELOVE OR: HOW I LEARNED TO
STOP WORRYING AND LOVE THE BOMB

Dr. ESTRANHOAMOR
1962 LOLITA
LOLITA
1960 SPARTACUS
SPARTACUS
1957 PATHS OF GLORY
HORIZONTES DE GLÓRIA
1956 THE KILLING
UM ROUBO NO HIPÓDROMO
1955 KILLER'S KISS
KILLER'S KISS[2]
1953 FEAR AND DESIRE
FEAR AND DESIRE

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Tiago Pereira na d'Orfeu

Destacamos aqui Tiago Pereira que esta a construir o Vídeo da d'Orfeu, que sairá para seus 15anos. Contemporaneidade vs tradicional, art, cultura, contexto e significado..........

"""""O realizador e Visualista Tiago Pereira, desenvolveu desde cedo uma linguagem própria na documentação, recolha, mistura de som e imagem animada. Os seus filmes são de origem transdisciplinar e remetem para manifestações de cultura imaterial, como as canções, rituais e performances.
http://ytrack.blogspot.com/
http://avmandrake.blogspot.com
http://vimeo.com/tiagopereira

A reescrita do guião em dez passos

Por João Nunes

A rees­crita do guião em dez pas­sos10.0102

Ter­mi­nou a pri­meira ver­são do seu guião? Para­béns! Já fez mais do que 90% dos can­di­da­tos a gui­o­nis­tas. Mas ainda há muito a fazer; nem pense em mos­trar o seu guião sem pri­meiro pas­sar pela fase da rees­crita. Por muita von­tade que tenha de ouvir outras opi­niões, nunca dê a ler a nin­guém, espe­ci­al­mente a um pro­fis­si­o­nal, um guião com que não esteja 100% satis­feito; não há uma segunda opor­tu­ni­dade para cau­sar uma boa pri­meira impressão.

Este artigo está, a título expe­ri­men­tal, dis­po­ní­vel como uma “folha de ajuda” em for­mato .pdf. Se achar esta solu­ção útil, deixe a sua opi­nião nos comentários.

Baixe aqui: A rees­crita em 10 pas­sos (145)

A rees­crita

O segredo de uma boa rees­crita é não que­rer cor­ri­gir tudo ao mesmo tempo. Fica mais fácil, e é mais pro­vei­toso, se pas­sar várias vezes pelo guião, abor­dando um deter­mi­nado tipo de pro­ble­mas de cada vez. É como se, em cada etapa, colo­casse uma lente dife­rente no seu olhar, para fil­trar uma e só uma faceta do tra­ba­lho. Veja­mos então o que tem de fazer, passo a passo:

  1. Repouso. Deixe o seu guião des­can­sar durante algu­mas sema­nas, duas no mínimo. Apro­veite para des­can­sar, cele­brar e come­çar a pen­sar nou­tros pro­je­tos. É per­mi­tido gabar-​​se junto da famí­lia, ami­gos e Face­book. Ao fim deste período de repouso, que lhe irá dar uma visão mais dis­tan­ci­ada e impar­cial do seu tra­ba­lho, imprima uma cópia em papel, arranje uma caneta ver­me­lha, e siga sem pie­dade as eta­pas seguintes.
  2. Lei­tura geral. Em pri­meiro lugar, dê uma lei­tura com­pleta ao seu guião, de um só fôlego. Pode tomar algu­mas notas de pro­ble­mas que lhe sal­tem logo à vista, mas não deixe que isso tire o ímpeto da lei­tura. O obje­tivo é sen­tir o ritmo, o balanço e a pro­gres­são natu­ral da estória.
  3. Enredo. As pri­mei­ras rees­cri­tas que fizer devem come­çar do geral para o par­ti­cu­lar. Nesta fase pode ser neces­sá­rio fazer gran­des alte­ra­ções à estó­ria ori­gi­nal — um arran­que novo, um final dife­rente, até mudar com­ple­ta­mente a ideia ori­gi­nal. Não tenha medo de expe­ri­men­tar. A pre­missa básica é forte? A ques­tão dra­má­tica está clara? Sente-​​se urgên­cia e pres­são no pro­ta­go­nista? Há sur­pre­sas e revi­ra­vol­tas sufi­ci­en­tes? Pro­cure os pon­tos fra­cos do seu enredo, os erros na lógica da estó­ria, os seg­men­tos des­ne­ces­sá­rios ou mais abor­re­ci­dos, as falhas no enca­de­a­mento das sequên­cias, etc. Seja abso­lu­ta­mente honesto con­sigo mesmo; se tiver dúvi­das em rela­ção a algum aspecto, não des­canse enquanto não tiver a cer­teza de que não con­se­gue escre­ver uma alter­na­tiva melhor.
  4. Per­so­na­gens prin­ci­pais. Esta tam­bém é a altura certa para fazer mudan­ças radi­cais nos per­so­na­gens: tal­vez o pro­ta­go­nista ideal seja um outro per­so­na­gem, ou deva ser mulher em vez de homem, ou moto­rista em vez de pro­fes­sor uni­ver­si­tá­rio. E o anta­go­nista, como é que pode ser melho­rado? Ana­lise os obje­ti­vos e moti­va­ções da cada per­so­na­gem cen­tral; são cla­ros e coe­ren­tes? Os seus per­cur­sos indi­vi­du­ais são lógi­cos? Os seus com­por­ta­men­tos são con­sis­ten­tes? As suas trans­for­ma­ções (no caso de as haver) são com­pre­en­sí­veis e justificadas?
  5. Estru­tura. Ava­lie a estru­tura do seu guião. Está no tama­nho certo (90 a 110 pági­nas)? O prin­cí­pio, meio e fim da estó­ria estão bem demar­ca­dos e equi­li­bra­dos (±25%/50%/25%). A estó­ria arranca rapi­da­mente ou arrasta-​​se no iní­cio? A inten­si­dade dra­má­tica segue em cres­cendo? O segundo acto tem massa crí­tica e con­sis­tên­cia dra­má­tica? O final tem um clí­max claro ou está confuso?
  6. Per­so­na­gens e enre­dos secun­dá­rios. Resol­vi­das as gran­des ques­tões, é altura de entrar numa malha mais fina. Ava­lie se os enre­dos e per­so­na­gens secun­dá­rios con­tri­buem para a estó­ria prin­ci­pal ou são meras dis­trac­ções. Se forem pou­cos, o guião pode pare­cer pobre; se forem demais, pode ficar con­fuso. Tam­bém por esta altura deve­mos come­çar a sen­tir qual o ver­da­deiro tema da nossa estó­ria. Nesse caso, como é que os per­so­na­gens e enre­dos secun­dá­rios podem aju­dar a tor­nar mais claro esse tema?
  7. Cenas. Passe para a aná­lise das cenas indi­vi­du­ais, da sua dinâ­mica interna, dos con­fli­tos e ten­sões. Certifique-​​se de que as cenas são mesmo neces­sá­rias. São cla­ros os moti­vos e obje­ti­vos de cada per­so­na­gem? Como estão escri­tas as des­cri­ções? São sucin­tas ou dema­si­ado arras­ta­das? A lin­gua­gem que usa é pre­do­mi­nan­te­mente visual, cine­ma­to­grá­fica? Só está a des­cre­ver o que pode ser visto ou ouvido, ou escre­veu coi­sas que não são fil­má­veis? O seu estilo de escrita é con­creto mas tam­bém evo­ca­tivo e ins­pi­ra­dor? Não escreva pará­gra­fos lon­gos demais e não use lin­gua­gem com­pli­cada ou bar­roca. Certifique-​​se de que cada cena tem ape­nas a dimen­são neces­sá­ria e sufi­ci­ente. Entre na cena o mais tarde pos­sí­vel, e saia o mais cedo que con­se­guir. Tente encon­trar for­mas inte­res­san­tes de ligar cada cena à que se lhe segue.
  8. Diá­lo­gos. Os diá­lo­gos podem come­car a ser revis­tos em para­lelo com a rees­crita das cenas, mas devem mere­cer pelo menos uma revi­são com­pleta só focada neles. Soam natu­rais? São escor­rei­tos e inte­res­san­tes? Há um sub­texto rico, ou são dema­si­ado lite­rais? Cada per­sonagem tem uma voz pró­pria e dis­tinta? Para ava­liar este último aspeto pode ser útil fazer várias revi­sões, cada uma do ponto de vista de um personagem.
  9. For­mato. Veri­fi­que se a for­ma­ta­ção que usou está cor­reta de acordo com os parâ­me­tros do mer­cado. Use ape­nas a fonte Cou­rier 12 e res­peite as mar­gens cer­tas para cada ele­mento (cabe­ça­lho, acção, per­so­na­gens, etc…). O for­mato é impor­tante por­que, teo­ri­ca­mente, ajuda a que cada página cor­res­ponda a um minuto de filme. Se usar um soft­ware de escrita como o CeltX isto fica mais fácil. Se usar o Word, pro­cure um modelo como aquele que eu indico no blogue.
  10. Gra­má­tica e orto­gra­fia. Por fim, cor­rija a cons­tru­ção das fra­ses, e reveja as “gra­lhas”. Não des­cure este último aspecto  —  um guião mal escrito e cheio de erros de orto­gra­fia (como já vi alguns) tem um ar muito pouco “profissional”.

Durante todo este pro­cesso, não se esqueça de se pôr sem­pre no papel do lei­tor e, prin­ci­pal­mente, do espec­ta­dor do filme final. Em cada momento, em cada cena, que infor­ma­ção é que eles já têm? O que é que sabem e o que é que lhes falta ainda des­co­brir? Que emo­ções devem estar a sen­tir? O que pode ser melho­rado para os man­ter agar­ra­dos à estória?

Quando achar que, sozi­nho, já não con­se­gue melho­rar o seu guião, está na altura de pedir ajuda externa. A pri­meira coisa a fazer é registá-​​lo no orga­nismo público com­pe­tente. Em Por­tu­gal é o IGAC, no Bra­sil é o Escri­tó­rio dos Direi­tos Auto­rais de cada Estado.

Depois de regis­tado, dê-​​o então a ler a pes­soas da sua con­fi­ança, que tenham a capa­ci­dade de inter­pre­tar um guião. Conte com algum tempo para esta etapa, pois não é fácil arran­jar a dis­po­ni­bi­li­dade neces­sá­ria para fazer uma lei­tura atenta de um guião.
Prepare-​​se para alguma sur­pre­sas. Quem lê um guião sem ideias fei­tas vai des­co­brir aspec­tos — posi­ti­vos ou nega­ti­vos — que lhe podem ter esca­pado. Não é obri­gado a acei­tar todas as crí­ti­cas e suges­tões que lhe sejam fei­tas, mas não adi­anta muito dar a ler um guião se depois ado­tar uma ati­tude mera­mente defen­siva em rela­ção ao que escre­veu. Man­te­nha o espí­rito aberto e aceite a neces­si­dade de vol­tar a rees­cre­ver o seu guião, se isso con­tri­buir para o melhorar.

Repita este pro­cesso as vezes que forem neces­sá­rias. Só depois de todas estas eta­pas cum­pri­das deverá colo­car o seu guião nas mãos de um pro­du­tor ou rea­li­za­dor, com a segu­rança de estar a mos­trar o seu melhor trabalho.

Boas (re)escritas.

Conselhos de Almodovar para guionistas

<a href="http://video.msn.com/?mkt=pt-BR&from=sp&vid=4c08aca6-7654-4f41-ba75-393e880acc0b" target="_new" title="Conselho de Pedro Almodóvar aos Roteiristas">Video: Conselho de Pedro Almodóvar aos Roteiristas</a>

Um excerto de uma entre­vista curta de Pedro Almo­do­var a um pro­grama de tele­vi­são ame­ri­cano, com alguns con­se­lhos do mes­tre aos jovens guionistas.

Curso rápido: O que é um guião?

Por João Nunes

Curso rápido: O que é um guião?10.0101

Há quem lhe chame guião e quem pre­fira argu­mento; anti­ga­mente, era fre­quente dis­tin­guir o argu­mento dos diá­lo­gos; no Bra­sil fala-​​se em roteiro. No meio disto tudo, do que é que esta­mos exac­ta­mente a falar?

Um guião é dife­ren­tes coi­sas para dife­ren­tes pes­soas. Esta defi­ni­ção não parece ser uma grande ajuda mas é essen­cial entendê-​​la bem; mui­tas con­fu­sões, mal-​​entendidos e até con­fli­tos nas­cem da igno­rân­cia desse facto.

Ao longo das diver­sas fases da sua exis­tên­cia, desde a página em branco até ao filme fina­li­zado, o guião passa por mui­tas mãos:

  • O gui­o­nista
  • O pro­du­tor
  • O lei­tor
  • O rea­li­za­dor
  • Os finan­ci­a­do­res
  • Os acto­res
  • A equipa técnica

Para cada uma des­tas pes­soas o guião repre­senta uma coisa com­ple­ta­mente diferente.

As fun­ções do guião

Para o seu autor — o gui­o­nista — o guião é uma obra lite­rá­ria, ori­gi­nal ou adap­tada, atra­vés da qual ele conta uma his­tó­ria, desen­volve per­so­na­gens e rela­ções, explora situ­a­ções e con­fli­tos, apre­senta ideias e temas e, de forma geral, dá livre curso à sua ima­gi­na­ção e ímpeto cri­a­tivo. É, pois, uma obra artís­tica, um pro­duto da sua ins­pi­ra­ção e trans­pi­ra­ção, um filho que ele vai que­rer pro­te­ger a todo o custo.

Para um pro­du­tor de cinema, por outro lado, o guião é um docu­mento de tra­ba­lho que lhe vai ser­vir para esti­mar um orça­mento de pro­du­ção; para obter finan­ci­a­men­tos e co-​​produtores, naci­o­nais e inter­na­ci­o­nais; para ali­ciar o rea­li­za­dor e o elenco; enfim, para poder arran­car com a pré-​​produção de um filme. O pro­du­tor apre­cia a qua­li­dade intrín­seca do guião, o seu valor artís­tico; mas valo­riza sobre­tudo a sua capa­ci­dade de vir a transformar-​​se num filme.

Antes de che­gar à s mãos do pro­du­tor, o guião passa mui­tas vezes pelas mãos de um “lei­tor”. Este é uma pes­soa a quem o pro­du­tor paga para ler, ava­liar e comen­tar, num rela­tó­rio sucinto, os mui­tos guiões que lhe che­gam à s mãos, ser­vindo como um pri­meiro fil­tro para sepa­rar o trigo do joio dra­má­tico. Sedu­zir e entu­si­as­mar estes even­tu­ais “lei­to­res” (que mui­tas vezes são tam­bém gui­o­nis­tas ou aspi­ran­tes a tal) é outro papel essen­cial para o guião.

Para os finan­ci­a­do­res, sejam eles o júri de um con­curso público, exe­cu­ti­vos de uma empresa da espe­ci­a­li­dade, ou inves­ti­do­res pri­va­dos, o guião é a pri­meira prova da via­bi­li­dade do filme. É um sinal do empe­nha­mento do pro­du­tor, de que já há tra­ba­lho rea­li­zado, de que não se está ape­nas a dis­cu­tir ideias mas sim uma rea­li­dade pal­pá­vel. O finan­ci­a­dor vai olhar para o guião ten­tando ver as suas pos­si­bi­li­da­des artís­ti­cas ou comer­ci­ais (o cri­té­rio varia de caso para caso). Mui­tas vezes, é ape­nas com base no guião que ele vai deci­dir se aplica o seu dinheiro neste filme ou num dos mui­tos outros pro­jec­tos que lutam pela sua atenção.

O rea­li­za­dor, por sua vez, tem ainda uma visão dife­rente do guião. Pode não ter sido ele a escrevê-​​lo (embora isso acon­teça algu­mas vezes) mas vai competir-​​lhe a si lide­rar a equipa que fará o filme. O rea­li­za­dor ana­lisa assim o guião sob pelo menos três pers­pec­ti­vas: a artís­tica — o que é que nes­tas pági­nas me tocou, me fez vibrar, me levou a acei­tar esta tarefa -, a téc­nica — que pas­sos vou dar para trans­for­mar estas pági­nas nas ima­gens e sons que povo­a­rão o écrã — e a pes­soal — como é que este guião vai con­tri­buir para a minha evo­lu­ção e carreira.

Para os acto­res, que são outro ele­mento cru­cial desta com­plexa equa­ção que é fazer um filme, o guião é a porta que lhes abre a vida íntima dos per­so­na­gens que vão inter­pre­tar na tela. Se estes per­so­na­gens não esti­ve­rem bem carac­te­ri­za­dos, os seus diá­lo­gos não forem ricos e ade­qua­dos, os seus com­por­ta­men­tos e acções não foram con­ve­ni­en­te­mente moti­va­dos e expli­ca­dos, o actor terá difi­cul­dade em fazer bem o seu trabalho.

Final­mente, para a equipa téc­nica — o direc­tor de foto­gra­fia, o assis­tente de rea­li­za­ção, o direc­tor de arte, etc. — o guião é um ins­tru­mento de tra­ba­lho essen­cial que os ori­en­tará nas suas fun­ções. Cada um irá lê-​​lo e anotá-​​lo à sua maneira. O direc­tor de foto­gra­fia, ao ler uma cena, vai pen­sar em ambi­en­tes e emo­ções, e vai esco­lher as len­tes e as luzes cer­tas para os obter. O assis­tente de rea­li­za­ção, por seu lado, vai preocupar-​​se com aspec­tos prá­ti­cos — quanto tempo vai isto levar a fil­mar, de que recur­sos vamos pre­ci­sar, etc.

Mas o que é mesmo um guião, afinal?

Um guião é um docu­mento escrito que des­creve sequen­ci­al­mente as cenas que com­põem um filme e, den­tro de cada cena, as acções e diá­lo­gos dos per­so­na­gens e os aspec­tos visí­veis e audí­veis que os condicionam.

Na prá­tica, o guião de uma longa metra­gem é um docu­mento impresso, que tem em média entre 80 e 130 pági­nas. Se for escrita num for­mato cor­recto cada página do guião cor­res­ponde grosso modo a um minuto de filme. Como não é nor­mal os fil­mes terem menos de 8090 minu­tos nem muito mais de duas horas, qual­quer guião que fuja a estas dimen­sões é logo olhado com alguma desconfiança.

Os guiões para TV terão for­ma­tos mais vari­a­dos. As séries dra­má­ti­cas de uma hora encai­xam razo­a­vel­mente nos parâ­me­tros acima des­cri­tos. Já as sit­coms, que duram menos de 30 minu­tos, mas são nor­mal­mente cheias de diá­lo­gos ditos num ritmo rápido, podem ter guiões pro­por­ci­o­nal­mente mais longos.

O for­mato do guião pode variar de país para país, até de pro­du­tora para pro­du­tora, mas todos os guiões têm algu­mas coi­sas em comum:

  • A iden­ti­fi­ca­ção sequen­cial das cenas que com­põem a história
  • A des­cri­ção dos eventos
  • A iden­ti­fi­ca­ção dos personagens
  • Os seus diálogos
  • Algu­mas indi­ca­ções téc­ni­cas relevantes

O ideal é ver um exem­plo prá­tico, o que fare­mos em breve, mas antes disso há ainda um aspecto do guião que é muito impor­tante compreender.

O guião não é o filme

Ape­sar de ser uma obra artís­tica, o guião rara­mente chega aos olhos do público final a não ser atra­vés do filme no qual, ide­al­mente, se vai trans­for­mar. Desse ponto de vista o guião não é um fim em si; é um meio de che­gar ao filme. É como uma cri­sá­lida — a sua beleza está na bor­bo­leta que dela vai nas­cer, e não em si mesma.

É tam­bém fun­da­men­tal per­ce­ber que, devido à natu­reza cola­bo­ra­tiva da arte do cinema, o guião está sujeito a mui­tas trans­for­ma­ções e mudan­ças. E nem todas serão sem­pre do agrado do gui­o­nista. Depois que a pri­meira ver­são do guião sai das suas mãos, mui­tas pes­soas vão pedir (ou exi­gir) ao gui­o­nista que lhe intro­duza alte­ra­ções. O pro­du­tor, por razões cri­a­ti­vas, prá­ti­cas ou finan­cei­ras; o rea­li­za­dor, por moti­vos artís­ti­cos, téc­ni­cos (ou de ego); e outras pes­soas, com outras jus­ti­fi­ca­ções, umas vezes razoá­veis, outras nem tanto.

É bom o gui­o­nista estar pre­pa­rado para esta rea­li­dade. Nos con­tra­tos que vai assi­nar, salvo raras excep­ções, terá sem­pre de dei­xar em aberto a pos­si­bi­li­dade de outros gui­o­nis­tas pode­rem rees­cre­ver o seu guião e alte­rar a sua obra — e mui­tas vezes isso acon­tece mesmo.

Se acha que não con­se­gue acei­tar isso, é melhor desis­tir agora mesmo. Tal­vez o tea­tro, a lite­ra­tura ou a escrita de um diá­rio (ou de um blo­gue como este) sejam melho­res esca­pes para a sua von­tade de criar. Mas se está dis­posto a lidar com esse facto ou, melhor ainda, se a natu­reza cola­bo­ra­tiva do cinema é o que lhe agrada nesta forma de arte, então pode con­ti­nuar a ler. Está no bom caminho.

Perguntas & Respostas: guiões publicitários

Por João Nunes

Caro João
a publi­ci­dade tam­bém usa guiões, nos dife­ren­tes tipos de media de que se serve? Se sim, quais são as gran­des dife­ren­tes entre um guião p/​publicidade e um guião p/​ficção p/​cinema ou TV?
Berni

Berni, em publi­ci­dade, como em qual­quer meio audi­o­vi­sual que impli­que um tra­ba­lho com­plexo de uma equipa grande de pro­fis­si­o­nais, tam­bém se usam guiões. Além das dife­ren­ças espe­cí­fi­cas da lin­gua­gem publi­ci­tá­ria, estes guiões, de forma geral, são mais sim­ples do que os guiões de cinema ou tele­vi­são, e não têm um for­mato tão estandardizado.

Por exem­plo, não se divi­dem nor­mal­mente as cenas com cabe­ça­lhos (INT. CASA — DIA) como é obri­ga­tó­rio fazer nos guiões de cinema e tv. A defi­ni­ção dos locais onde se passa a acção fica assim a cargo dos pará­gra­fos de des­cri­ção, jun­ta­mente com as des­cri­ções de per­so­na­gens, efei­tos espe­ci­ais, etc. O guião resul­tante fica mais pare­cido com uma sinopse deta­lhada, com os diá­lo­gos e locu­ções inter­ca­la­dos no texto.

Quando se trata de fil­mes um pouco mais com­pri­dos, como os cha­ma­dos vídeos ins­ti­tu­ci­o­nais, é mais comum encon­trar um outro for­mato, em duas colu­nas. Nesse for­mato (que pode ser escrito com qual­quer pro­ces­sa­dor de texto, como o Word ou o Pages, ou com um pro­grama espe­cí­fico, como o Final Draft AV) a página é divi­dida na ver­ti­cal em duas colu­nas. Do lado esquerdo (VÍDEO) ficam as des­cri­ções (locais, acções, per­so­na­gens, efei­tos visu­ais, etc) e do lado direito (ÁUDIO) os diá­lo­gos, locu­ções, músi­cas e efei­tos sono­ros correspondentes.

Não deve­mos con­fun­dir este for­mato audi­o­vi­sual com o for­mato “esquerda/​direita“[1] usado em mui­tos guiões de tele­vi­são em Por­tu­gal; nesse for­mato tele­vi­sivo os diá­lo­gos ficam tam­bém do lado direito e as des­cri­ções (e cabe­ça­lhos) do lado esquerdo, mas estes ele­men­tos não andam em para­lelo, e sim alter­nando entre si, em sequên­cia.

Notas de Rodapé

  1. Este for­mato é um perigo para os acto­res mais pre­gui­ço­sos, que só lêm a coluna da direita — os diá­lo­gos — per­dendo por vezes aspec­tos impor­tan­tes da acção des­cri­tos na coluna da esquerda []

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Baraka



link do Baraka e dos documentários > http://www.spiritofbaraka.com/

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

SPOT VIDEO - FOGO'09





Vídeo realizado para promoção do festival, editado e filmado por Jorge Madeira.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Jorge Madeira

Membro activo apaixonado em por o olho na câmara e editar os seus proprios filmes!

o seu primeiro projecto "Amor perdido na História"
O filme, de título "Amor perdido na História", é do género Suspance/Romance.
Este filme foi realizado na Escola Secundária Marques de Castilho, por dois grupos de trabalho, no âmbito da disciplina de Área de Projecto. Os grupos têm nomes fictícios e produções fictícias, mas têm a tarefa, real e trabalhosa, de coordenar e realizar este filme e escolheram a área do cinema, porque têm a intenção de fazer um bom trabalho, mas diferente, ou seja, pouco vulgar.

Blog > www.amorperdidonahistoria.blogs.sapo.pt

aqui o
VIDEO: PRIMEIRO TRAILER DE AMOR PERDIDO NA HISTÓRIA!

Rui Oliveira

Rui Oliveira: Director técnico d'Orfeu - Som e Luz
FORMADOR: Sonóplastia - bandas sonoras

Comecei aos 10 anos a tocar clarinete na Banda Recreativa da minha vila (em Eixo, Aveiro).
Alguns anos depois, aprendi a tocar guitarra electrica e comecei a tocar em bandas de rock e de covers.
Tive uma loja de Comix e musica alternativa durante 3 anos, em Aveiro.
Ao mesmo tempo fui tocando com uns e com outros, nos rock's, nos jazz's, nos tradicionais...na d'Orfeu... e comecei com as técnicas do som.
Fui para Barcelona 2 anos ( antes estive 4 meses em Bruxelas ) para estudar musica, som e fazer umas férias...
Agora estou por cá; na d'Orfeu desde o início de 2005 a tratar de levar o "som" para onde é preciso!
Nos tempos livres vou tentando gravar os "Toques do Caramulo", projecto residente da d'Orfeu, e outras musicas que se vão gravando ou tocando.
Os projectos próximos são: terminar o estudio de gravação na casa d'Artec e a criação de uma editora da d'Orfeu.
No entretanto, alguns projectos musicais vão começando a começar...

Joana Fonseca

Hélio Almeida